
Adaptação (ou readaptação) à escola: a nossa experiência
Falemos então de adaptações e readaptações à escola. Seja ela na creche, pré-escola ou ensino obrigatório. E desta vez irei falar na 1ª pessoa. Vou contar-vos a nossa experiência e como é que tudo aconteceu desde a 1ª vez que o Henrique pisou uma creche.
Para quem está mais desatento e ainda não se apercebeu (o que digamos é quase um crime…) eu estive em modo full-time mom durante 2 anos e meio. Para uns muito tempo – demasiado até – para outros se calhar até podia ter ficado mais. Mas, a nossa decisão enquanto família foi assim, a nossa dinâmica definimos nós e como costumo dizer, não vale sequer entrarmos em julgamentos ou conflitos. Cada um sabe de si e faz as escolhas que quer ou que pode. Não há o certo e o errado.
Fazendo um mini-resumo e viajando no tempo até Janeiro de 2019 (sim, não havia o bicharoco ainda no nosso país): o Henrique entrou no berçário no alto dos seus 9 meses. Foi a 1ª vez que percebemos o que era uma adaptação à creche e quais os sentimentos que a acompanhavam. No meu caso, claramente uma ansiedade extrema. O Henrique a demonstrar essa ansiedade por afinidade – sabemos que os babys sentem tudo muito connosco, certo?
De Janeiro a Abril de 2019, todos os dias eram o drama. O Henrique ficava a chorar imenso e as viroses não deixavam que a rotina se instalasse para que fosse de forma mais calma!
Em Abril desse mesmo ano, muito por conta da pandemia, decidimos que eu ia ficar em casa com ele enquanto o pai iniciava teletrabalho. Fiquei de licença sem vencimento e em modo mãe a tempo inteiro até Setembro de 2021. Aqui pelo meio despedi-me do meu anterior emprego e iniciei este projeto em nome próprio e que atualmente é o meu trabalho!
Mas, adiante que não é do trabalho que vos venho aqui falar…
Como vos estava a dizer, em Setembro do ano passado decidimos que o Henrique iria voltar à creche. E como se isso não bastasse ainda trocámos de escolinha (e adianto-vos já que não poderíamos ter feito melhor escolha). Eu já super ansiosa, a pensar numa nova adaptação, novo espaço, novas educadoras e auxiliares, novos amiguinhos… tudo muita emoção para gerirmos.
Tendo em conta a pandemia que ainda atravessávamos e por nos encontrarmos ainda no auge da mesma, a adaptação aconteceu de forma muito gradual e tranquila e tivemos uma sorte imensa na educadora e auxiliares que nos foram atribuídas. Mas, infelizmente, toda a adaptação foi feita à porta da escolinha. Não podíamos levar as crianças à sala e isso claramente que mexeu muito com as minhas emoções. Mas bora lá que temos de ser fortes e não passar a ansiedade para a criança (right…)
Aquela porta era o momento do desapego. Em que eu vinha embora trabalhar e ele ficava a chorar em modo desespero. Mas eu sabia que ele depois ficava bem e que era um menino muito bem-disposto dentro da sala. E agora adivinhem… Assim que começávamos a entrar na rotina e a aceitarmos melhor o estar na escolinha acontecia o quê? Viroses. E mais viroses.
“Ah Sofia, mas é super normal no 1º ano da creche ser assim”. Todos nos diziam. De facto é. Mas logicamente ninguém gosta. E no meio destas viroses, eu decidia ficar sempre em casa com o pulguinha até que ele estivesse mesmo recuperado fossem 3 dias ou 3 semanas. O que fazia com que ainda passássemos mais tempo em casa. E depois metiam-se as nossas férias, as interrupções letivas… e tudo isto levava claramente a uma constante readaptação, mais sensível claro da parte do Henrique.
E agora, como estamos?
Este ano entrou no pré-escolar. No mesmo espaço mas em sala diferente (obviamente) com educadora diferente mas a mesma auxiliar. Não tem sido fácil de manhã. Tem ficado sempre a chorar por mais tempo que eu fique lá com ele e que façamos tudo de forma muito tranquila. Hoje em dia já não temos as restrições do ano anterior (que nem fariam sentido) e eu entro na sala com ele ou fico no parque ao pé dele, o tempo que precisamos – nisto, a escolinha dele é super respeitadora, sem olhares críticos ou de julgamento – já para não falar da comunidade escolar que é amorosa.
Mas nem assim ele deixa de ficar num choro pegado quando o deixo. Quer sempre vir comigo, e eu não posso deixar de o compreender. Acolho sempre esse sentimento dele, com muito amor e respeito pelo que sente. Sei que depois fica bem até porque recebo fotografias e mensagens por parte da equipa que me deixa muito muito feliz! É esta a diferença quando trabalham com amor <3.
E isto tudo para partilhar algumas das nossas estratégias que aos poucos têm vindo a funcionar com esta gestão emocional de manhã:
- Acordar com tempo, dar muitos mimos de manhã e tomarmos todos juntos o pequeno-almoço;
- Há direito a ver um episódio da Bluey de manhã na TV antes de ir para a escolinha;
- Toda a preparação – vestir, lavar os dentes, ir buscar a mochila – é feita de forma muito calma e sem pressas (claro a não ser num dia que tenha mesmo de ser);
- Sair de casa e ir no carro a falar com ele sobre o que vai fazer no seu dia, a que é que gostava de brincar enquanto também lhe vou explicando que vou trabalhar para ajudar outros meninos que precisam de mim para falar melhor (discurso sempre adaptado aos seus 3 aninhos) ou vamos simplesmente a cantar uma canção;
- Chegar à escolinha e levá-lo sempre pela mão (que é a segurança dele) e acolher sempre os seus sentimentos;
- Nem sempre o faço mas tento prometer-lhe algo para fazermos depois da escolinha (nem que seja virmos para casa fazer um bolo ou umas panquecas…);
- Desenhar um coração no meu braço e um igual no braço dele para apertarmos sempre que sintamos saudades (esta é recente!).
Partilhem também as vossas dicas e contem-me como é que está tudo a acontecer por esses lados!